Ilustre Pátria a quem pertenço, Era impossível fugir deste tema, neste dia em que um desejo não ocultado finalmente se concretizou. Há já quatro meses que ansiava por este desfecho, mas julgava-o mais longínquo. Jorge Sampaio finalmente teve a coragem para fazer o que a grande maioria do seu povo lhe pedia há já muito tempo, demasiado para ser mais exacto. Não venho aqui discutir as razões dessa decisão, sinceramente, só espero que ele as saiba justificar. O meu propósito destas linhas é apenas o de exprimir o que sinto, colocar no plano virtual a minha alegria em saber que mais cedo que o previsto Portugal poderá escolher quem o guie.
A Blogosfera é neste momento a maior comunidade de opinião a nivel mundial. Reflecte a opinião de uma miríade de gente que mais efusiva ou recatadamente decide publicar o que pensa sobre os mais variados assuntos. Um blog é isto mesmo, uma literatura de opinião publicada no virtual. E opinar, não é mais que narrar uma ficção, descrever uma realidade que tomamos como certa, como verdade. Quando comecei a ler Blogs, pensei que era um desperdício de tempo fazê-los. Não via o interesse subjacente à leitura do diário online de um qualquer cyber-indivíduo. Posteriormente comecei a descobrir que alguns havia que eram de facto interessantes, ou mesmo muito interessantes e que contribuiam em muito para reflectir opiniões comuns a muita gente, mas muito pouco debatidas. Claro que a grande maioria das páginas que se publicam diariamente não passam de lixo pseudo-intelectual de autores que julgam que os seus escritos são jóias mentais, que são sequer legíveis ou matéria necessária para o desenvolvimento do resto do planeta, só porque possuem um computador com ligação à internet e tempo disponível para se sentarem a escrever. Também há quem pense que a justificação para escrever um blog é a de não se sentirem info-excluídos, é o sentimento de pertença a um bairro global onde pequenos departamentos se encontram ligados por ideias, links e opiniões, onde blogs comentam outros blogs, opinadores opinam, comentaristas comentam e desta forma, o círculo de amizades, a «malta do bairro», fala toda e toda escreve para gerar polémica, como se de uma grande conferência se tratasse ou de um encontro no café onde cada qual lança o seu ponto de vista sobre uma verdade. De facto é isto que os Blogs são, uma comunidade unida em torno de, e em busca do sentimento de verdade que há em escrever, em ser alguém em todos os planos, físico, temporal e virtual, e não deambular à deriva.
Dizia Oscar Wilde o seguinte: «A diferença entre literatura e jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida por ninguém», e nesta altura, em que Portugal atravessa a maior crise cultural, política, económica e social desde o 25 de Abril, compreendo-o perfeitamente.
Às vezes leio blogs que são bastante interessantes. Empregam o recurso à retórica, fazem análise ou crítica sobre os mais variados temas. Os seus autores são pessoas preparadas, que na maior parte das vezes sabem ordenar as suas ideias relativamente à compreensão das situações que referem e comentam. Os posts podem ser irónicos, políticos, dramáticos, humorísticos, científicos, demagógicos ou de outra espécie. Entre eles poderei incluir, entre outros, o Barnabé, o Abrupto, o Causa Nossa, o Briteiros, o Anacleto, até mesmo o A Falta de Sexo e a Cidade ou O Meu Pipi e o Gato Fedorento apesar da sua não actualização e temática diferente. O que é importante é que não tenho a facilidade de analisar que estas pessoas têm, ou melhor, quando penso em escrever, não penso em fazer uma análise aprofundada de algo. Esse sentimento da escrita, quando me ocorre por determinada situação que me aborrece (sobretudo política), leva-me a abandonar o desejo de escrever, por isso não tenho este blog actualizado com temas actuais, prefiro a generalidade. Por outro lado há processos, que me geram um atrevimento interno, um impulso quase psicótico por narrar ou pôr por palavras um jogo de ficção, um projecto de imaginação que, muitas vezes não tem uma aplicação directa para os leitores, se os há, porque não ajuda a formar uma opinião. E o que forma opiniões são outras opiniões, ensaios e comentários. Resumindo, o que gostava realmente era que a minha opinião contasse, e para isso necessito de comentários ao que escrevo. É po isso que tenho este blog e que nele blogueio.
Antes dizia-se que para sermos eternos teríamos de fazer três coisas: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Isto porque tendo um filho garantiamos descendência que eternizaria o nosso sangue, plantando uma árvore geraríamos um ser com um tempo de vida bastante alargado que futuramente largaria também ele semente, e escrevendo um livro poderíamos ter as nossas palavras eternizadas, e com sorte teríamos uma rua com o nosso nome (que é algo possivelmente intemporal também) Gostaria de modificar um pouco este dito popular acrescentando: Escrever um blog. Mesmo anónimo, e enquanto o servidor funcionar existiremos, nem que seja virtualmente, e isso para mim basta.
Gostaria de o fazer escrevendo o seguinte: Venho por este meio, formal e solenemente dar baixa da minha prestação como autor deste Blog. Oficialmente converto-me em ausência.
O Causa Nossa, Blogue publicado por Ana Gomes , Jorge Wemans , Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira, está de parabéns. Faz um ano, e é um ano cheio de peso, do peso que nomes tão sonantes têm. Que continuem por mais un quantos, que a sua escrita é sempre criticamente bem vinda na blogosfera. Parabéns!!
Peço-vos que me acompanhem neste pensamento e considerem as árvores, a alface, a abóbora, as sementes que comem para alimentar o vosso hábito. Não sei se sabem, mas os vegetais também são seres vivos, Seus Assassinos!!