Gostaria de comunicar, que face aos resultados das últimas eleições, vou passar uma procuração a um elemento de uma minoria étnica muitíssimo analfabeta, assim como assim, são esses que assinam de cruz e passa a haver uma explicação para o aumento dos votos do BE!!!
Nesta vida, segundo conta um fado, há que saber sofrer, depois amar, depois partir, talvez voltar, e por fim andar sem pensamentos. Não creio que haja no mundo, conselho melhor e mais sintético que este. Talvez não seja uma verdade absoluta, não sendo por isso necessário tomá-la como verdade absoluta, mas é um óptimo lembrete para pessoas como eu, que às vezes queremos saltar directamente do primeiro para o último passo, como se uma caminhada fosse composta unicamente por dois passos.
Quando viu que ela entrava no bar onde meses antes se tinham conhecido, colocou os óculos escuros e tomou um comprimido para normalizar o ritmo cardíaco. Pensou que talvez não o reconhecesse por detrás das lentes Vuarnet. Virou-se de lado para se esconder ainda mais, porém o seu nome acabava de ser pronunciado, e todo o bar estava agora suspenso no silêncio da sua reacção. Enquanto se virava, sentiu uma mão a ser chicoteada contra o seu rosto e com o impacto recuou um pouco, indo de encontro a uma mesa de pé alto e derrubando os copos que nela se encontravam. Quando se recuperou já a figura feminina desaparecia por detrás da porta giratória. Aos poucos o silêncio foi desaparecendo até voltar o ruído normal de fundo. Desde então, sempre negou a ocorrência deste episódio... e de todas as outras vezes em que isto sucedeu.
Uma vez vendi a minha alma ao Diabo... Felizmente ele perdeu o recibo, senão a esta hora estava tramado, porque apesar de não saber porquê, sinto-me feliz e encontrei uma nota de 20 Euros num casaco que já não usava há eras...
«Vamos para onde?» Disse o taxista com tom mecânico e eu respondi: «Vamos bem...», como se me tivesse preguntado como estava. Então, vendo que eu estava distraido, tentou psicoanalisar-me com pensamentos erráticos e rebuscados, fazendo jus ao seu trabalho e à concepção estereotipada que temos de um taxista. Mas atenção, não quero com isto dizer que os taxistas sejam todos rebuscados, porque isso seria o mesmo que dizer que Eu mesmo (e 99,9% da população portuguesa) somos taxistas e isso é coisa que eu nunca diria, porque por um lado não sou taxista e por outro, não sou rebuscado. Se alguma vez fui rebuscado, isso deve-se a que evidentemente nunca me buscaram o suficiente, e isto consigo prová-lo, porque nunca fui encontrado. Bem, mas voltando ao fio condutor desta história: Era um dia frio, e estava de volta do país vizinho, com a paciência no limite, e a atenção também em baixo, por isso após ouvir um discurso quasi freudiano de improviso, lá respondi: «Para os Olivais... Junto ao Shopping». Com isto, o semblante do personagem transfigurou-se, para aquele a que estamos acostumados a ver atrás do volante de um Mercedes 190D importado. «Anda um gajo aqui uma hora e tal à espera e tinha logo que me vir um serviço aqui para o lado...». Não respondi a esta não-pergunta. Até chegar ao destino não abri a boca, voltei a distrair-me com a minha vida, voltei a pensar na morte de muitas bezerras, enquanto ao fundo podia ouvir os grunhidos em surdina vociferados pelo condutor. Em cinco minutos chegámos, em 10 segundos paguei e saí. Inspirei fundo e cheguei a uma conclusão sobre mim mesmo: Que eu seja rebuscado ou «buscado» não é importante, sou como sou, e não vale a pena tentar mudar-me. Eu que me preguntava se seria certo ser grandiloquente, cheguei à conclusão que afinal sou mesmo um grande delinquente do idioma português, com palavras como «buscado» que aparecem aqui por causa da viagem. Isto de ser português e de aprender facilmente outros idiomas é tramado, quando voltamos ficamos sempre a perder, contaminamo-nos sempre com os outros linguajares. Quanto ao Taxista, não sei, nem me lembro se recebi o troco...
Ainda hoje pensei em mim desta forma: «Eu nunca me contradigo, excepto quando digo uma coisa e passado um tempo outra, que só por acaso é o seu contrário!»
E desta forma, resumi a explicação possível sobre mim mesmo em 22 palavras. Será um Santanismo?, Serei assim tão simples?