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DIZERES MEUS

DIZERES MEUS

27
Set05

A Hora da Afirmação...

dizeresmeus
A vida do Zé é daquelas vidas que se consegue reduzir em três momentos cruciais:

O primeiro ocorreu quando ainda era pequeno, não deveria ter mais de cinco anos, e foi surpreendido, repreendido e agredido pelo seu pai, enquanto se esborratava com os cremes, pinturas e outros cosméticos da sua mãe. Depois deste evento, ficou sem sair de casa e sem comunicar, mais de uma semana.

O segundo ocorreu uns dez anos depois, quando o Zé decidiu sair à rua maquilhado com extraordinária perícia e cuidado, e regressou a casa com o rosto banhado em sangue, e com o seu nome manchado em horrendos epítetos. Desta vez ficou sem sair mais de um mês, e sem falar por quase dois.

O terceiro, último e o mais importante, ocorreu no momento em que teve finalmente a sua epifania, quando definiu sem medo o seu destino, tendo até conseguido um emprego por esse motivo.

Agora maquilha-se à sua vontade, vai, vem, faz o que quer e ninguém o agride.

Em vez disso riem-se,

Saúdam-no,

O Zé conseguiu emprego como...Palhaço.
23
Set05

A Lata das Sardinhas

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sardinhas.jpg

Abro uma lata de Sardinhas em azeite.

Parece-me ser sempre a mesma lata,
Mesmo tendo eu idade suficiente para ter conhecido aquelas latas cuja chave de abertura era uma espécie de «T» de arame grosso, como esse na imagem, que sempre se torcia e que nos dava cabo dos dedos, ou então era simplesmente a pequena lingueta que não se levantava.
Depois, com o tempo, acostumei-me às latas de abertura fácil, as quais às vezes também têm os seus problemas, como o partir da anilha que se desprende sem me deixar alcançar o meu objectivo.
Parece, no entanto, a mesma lata de sempre. Os peixes colocados em idêntica postura com os seus corpos apertados com grande promiscuidade uns contra outros no seu leito metálico;
Inclusivamente, aquela sardinha, a que está justamente no meio, parece-me bastante familiar, parece-se com todas as outras sardinhas que já comi.
Pergunto-me como será comer uma sardinha duas vezes na vida.
E pergunto, o que sentirá ela sendo comida pela segunda vez.
Vejamos.
Hummm…
Tostinhas...
Faca...
Provemos…
14
Set05

Coisas em Comum...

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Certo dia, estando eu à procura não sei bem do quê, numa velha livraria na Baixa, encontrei um velho livro de receitas de autoria da minha mãe. Ao folheá-lo, constatei com alegria e espanto, que se tratava de facto de um exemplar, que ela mesma tinha oferecido a alguém. Sei isto, porque era a sua inconfundível letra, a que dizia, em jeito de dedicatória: «À minha grande amiga Alice Amado, com os votos de felicidades!»
A Dona Alice, pensei, era uma velhota que me caía particularmente mal. Quando nos visitava, tinha a mania de me beliscar as faces, dizendo: «Amorzinho, tu e eu temos muito em comum».
Nunca entendi o que queria dizer com aquela frase.
Bom, mas o que é um facto, é que esta amiga da minha mãe se desfez do livro de receitas. Terá morrido entretanto?
Enquanto este pensamento percorria a minha mente, folheei com certa nostalgia masoquista as páginas amarelecidas pelo tempo, a ver se encontrava a página que mais odiei em toda a minha infância: A que indicava como se devia fazer Sopa de Favas.

Estava arrancada!

Então, como uma martelada a percorrer o meu corpo, todo o mal que pensei da Dona Alice, se desvaneceu no seguinte pensamento:
Sim, de facto tínhamos muito em comum!
13
Set05

O Mundo Livresco

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Se quisermos conhecer o mundo em que vivemos, não há melhor sítio para o fazer que numa livraria, dessas que cada vez mais escasseiam nas nossas cidades.
Nestes espaços podemos encontrar secções que ocupam estantes inteiras de alto a baixo de livros sobre guerras: A primeira, a segunda, guerras antigas, guerras recentes, guerras do futuro, Vietnam, Iraque, dos 100, dos 3, dos 20 anos. Livros de armas, estratégia militar, história das conquistas, paredes completas daquilo que de pior o ser humano é capaz.
Mas, se tentarmos encontrar a secção de humor, temos a tarefa mais difícil. Normalmente, esta está confinada a uns quantos centímetros de uma pequena prateleira escondida, colocada não raras vezes ao nível do solo (excepção seja feita aos recentes sucessos do Gato Fedorento e poucos mais).
E agora digam-me, como é que não havemos de andar todos de semblante carregado?, se até nas livrarias, onde buscamos um pouco de alheamento, o mundo com os seus defeitos nos atinge em cheio no peito.
12
Set05

Estudo Psico-Rodoviário

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Relativamente ao post anterior, mas não só em relação aos taxistas, ocorreu-me pensar que seria interessante alguém um dia escrever (se já não o tiver feito) um ensaio, estudo ou tese sobre as relações humanas em Portugal, no contexto do tráfico automóvel. Algo que consiga caracterizar, descrever e analisar a relação entre o ser humano lusitano e o binómio travão/buzina, o relacionamento com os outros condutores, e a angústia do aprisionamento mental gerado pela dúvida acelerar/travar em face da luz amarela.
11
Set05

Sincronização Taxística...

dizeresmeus
Persegue-me uma questão relativa à experiência que os taxistas ganham com o passar dos anos atrás do volante dos Mercedes 190D de 1991 com 995.675Km.
Essa questão é a seguinte:
Como é que eles fazem para sincronizar tão perfeitamente o toque da buzina com o momento da passagem do semáforo de vermelho para verde?

09
Set05

Bic Cool...

dizeresmeus
Hoje pela primeira vez decidi colocar um link para outro site num post meu:
http://www.show-me-dq.com/
Copiem esta morada, e vão clicando na direita do Moleskine para verem que tipo de viagem se faz com uma caneta BIC num caderninho em branco, depois de muita droga à mistura.
08
Set05

Tosses...

dizeresmeus
Estava muito bem sentadinho a respirar, como sempre, quando senti algo estranho. Tossi, e da minha garganta saiu um mosquito. Tossi um mosquito. Não sei se estive horas, dias ou meses com nojo, mas custou-me superar este acontecimento. Talvez por não saber se tive pena pelo mosquito ou por mim, porque a mim nunca ninguém me tossiu.
01
Set05

Oração

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Pobres daqueles que entram neste blog à procura de algo bom., de algum consolo, ou de alguma ideia de valor.
Perdoa-lhes Pai, porque não sabem o que fazem…

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