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DIZERES MEUS

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06
Ago04

Pobre Puto Rico

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Enquanto a chuva miudinha apaziguava o calor tórrido na capital, um adolescente perdia a vida devido ao impacto de uma bala que lhe trespassou o coração e o pulmão, indo alojar-se numa árvore, também ela morta. Tinha ido à mercearia comprar umas velas porque no bairro ilegal onde morava havía sido suspenso o serviço de energia eléctrica depois de uma vistoria da EDP e da posterior vinda dos técnicos que com escolta policial repararam as puxadas ilegais que eram uma constante na zona.
Márcio Sousa era o seu nome, mas toda a gente o conhecia como Puto Rico pelo aspecto limpo que gostava de apresentar e pelo jeito de estar sempre a mexer vaidosamente no cabelo. Calhou estar no local errado à hora errada e ser atingido com um projéctil perdido, depois de este fazer ricochete num poste. No bairro onde vivia, o uso de armas tinha-se tornado habitual e mesmo ele tinha uma «para protecção», que tinha comprado a um amigo que a tinha roubado a um polícia durante uma rusga.
Dois putos de 10 anos tinham calculado mal a pontaria a uma lata de tinta e foram atingir o Puto Rico mortalmente. Contraditoriamente, este «Puto Rico» será enterrado com um fato muito humilde, descalço, e o seu corpo será velado numa barraca tão modesta que a única riqueza será a do choro pela perda do menino rico da sua mãe.

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