Hoje parto para os Açores. Durante uma semana vou tentar abstrair-me de tudo, vou tentar deixar a minha mente fugir. Volto dentro de dias, sete, que serão uma procura de um eu que tenho vindo a perder. Vou descansar e tentar reconciliar-me com a terra e comigo mesmo. Vou de férias. Vou, mas volto.
De vez em quando os homens tropeçam na verdade mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido. -Winston Churchill in War Speeches Isto traz-me à memoria o discurso do «entendi a mensagem dos portugueses, é preciso trabalhar mais...» de Durão Barroso, logo seguido de um levantar com fuga em frente, em direcção a Bruxelas.
Estou aqui há horas a tentar escrever. Escrevo e apago e volto a escrever. Nada de jeito sai. Já não sei se estou sóbrio, ébrio ou Cybrio por estar a trabalhar num mundo virtual de falta de ideias Cibernéticas.
Poucas são as obras musicais que conseguem captar a minha atenção do princípio ao fim. Menos são as que conseguem repetir esse efeito, mantendo uma coerência esteticamente superior, que me faz ficar indeciso na hora de escolher uma delas como favorita. Este album, o Dummy dos Portishead é um desses. Já me acompanha há cerca de 10 anos, e não me consigo cansar de o ouvir. Fico de facto «numb» quando o ouço.
Estava attrasado para o emprego, como sempre, e como sempre depois de um duche apressado e uma secadela ainda mais veloz, estiquei a mão para dentro do guarda-fatos ao calhas e encontrei o Passado. Estava à procura do meu casaco e saiu-me um vestido. Parei e segurei-o, o tecido era suave e escorria-me por entre os dedos, seda, pensei. Enterrei a minha cara nas suas dobras, o meu nariz procurava, pesquisava e prescrutava cada centímetro à procura de um pequeno vestígio do seu perfume. Nada, o vestido estava vazio de cheiros seus. Voltei a colocar o vestido no cabide de metal e coloquei um plástico de lavandaria a cobri-lo, para preservar a sua aparência. Pensava que ela tinha levado tudo com ela quando se foi há un meses, mas afinal não, o vestido azul ainda ali estava, onde jaz agora no fundo do meu guarda-fatos à espera de outra oportunidade para me relembrar que fez um dia parte da minha vida.
Cada vez mais assistimos, neste semi-país, a um florescer de bens ou serviços pagos, muitos dos quais antes eram gratuitos. Temos televisão «pay-per-view», sites «pay-per-view», livros online «pay«-per-read», músicas «pay per-listen», ou seja estamos a substituir o nosso mundo, por um onde o acesso à informação irá depender da capacidade de pagamento das pessoas, o que afasta muita gente dessa informação, ou pior, um mundo onde o pagamento só nos permite uma licença para ver, ler ou ouvir algo, e não realmente possuí-lo. Acho que estamos a caminhar para uma Sociedade «pay- per-use».
Em poucos minutos um computador pode cometer um erro de tal maneira grande, que levaria muitos homens durante muitos meses a fazer um igual. -(Anónimo) Excepto se esses homens fossem o Casal Santana/Portas e os seus sequazes governamentais.