24
Fev05
História Conduzida Sem Fio Condutor,
dizeresmeus
«Vamos para onde?» Disse o taxista com tom mecânico e eu respondi: «Vamos bem...», como se me tivesse preguntado como estava. Então, vendo que eu estava distraido, tentou psicoanalisar-me com pensamentos erráticos e rebuscados, fazendo jus ao seu trabalho e à concepção estereotipada que temos de um taxista. Mas atenção, não quero com isto dizer que os taxistas sejam todos rebuscados, porque isso seria o mesmo que dizer que Eu mesmo (e 99,9% da população portuguesa) somos taxistas e isso é coisa que eu nunca diria, porque por um lado não sou taxista e por outro, não sou rebuscado. Se alguma vez fui rebuscado, isso deve-se a que evidentemente nunca me buscaram o suficiente, e isto consigo prová-lo, porque nunca fui encontrado.
Bem, mas voltando ao fio condutor desta história: Era um dia frio, e estava de volta do país vizinho, com a paciência no limite, e a atenção também em baixo, por isso após ouvir um discurso quasi freudiano de improviso, lá respondi: «Para os Olivais... Junto ao Shopping». Com isto, o semblante do personagem transfigurou-se, para aquele a que estamos acostumados a ver atrás do volante de um Mercedes 190D importado. «Anda um gajo aqui uma hora e tal à espera e tinha logo que me vir um serviço aqui para o lado...». Não respondi a esta não-pergunta. Até chegar ao destino não abri a boca, voltei a distrair-me com a minha vida, voltei a pensar na morte de muitas bezerras, enquanto ao fundo podia ouvir os grunhidos em surdina vociferados pelo condutor.
Em cinco minutos chegámos, em 10 segundos paguei e saí. Inspirei fundo e cheguei a uma conclusão sobre mim mesmo: Que eu seja rebuscado ou «buscado» não é importante, sou como sou, e não vale a pena tentar mudar-me. Eu que me preguntava se seria certo ser grandiloquente, cheguei à conclusão que afinal sou mesmo um grande delinquente do idioma português, com palavras como «buscado» que aparecem aqui por causa da viagem.
Isto de ser português e de aprender facilmente outros idiomas é tramado, quando voltamos ficamos sempre a perder, contaminamo-nos sempre com os outros linguajares.
Quanto ao Taxista, não sei, nem me lembro se recebi o troco...
Bem, mas voltando ao fio condutor desta história: Era um dia frio, e estava de volta do país vizinho, com a paciência no limite, e a atenção também em baixo, por isso após ouvir um discurso quasi freudiano de improviso, lá respondi: «Para os Olivais... Junto ao Shopping». Com isto, o semblante do personagem transfigurou-se, para aquele a que estamos acostumados a ver atrás do volante de um Mercedes 190D importado. «Anda um gajo aqui uma hora e tal à espera e tinha logo que me vir um serviço aqui para o lado...». Não respondi a esta não-pergunta. Até chegar ao destino não abri a boca, voltei a distrair-me com a minha vida, voltei a pensar na morte de muitas bezerras, enquanto ao fundo podia ouvir os grunhidos em surdina vociferados pelo condutor.
Em cinco minutos chegámos, em 10 segundos paguei e saí. Inspirei fundo e cheguei a uma conclusão sobre mim mesmo: Que eu seja rebuscado ou «buscado» não é importante, sou como sou, e não vale a pena tentar mudar-me. Eu que me preguntava se seria certo ser grandiloquente, cheguei à conclusão que afinal sou mesmo um grande delinquente do idioma português, com palavras como «buscado» que aparecem aqui por causa da viagem.
Isto de ser português e de aprender facilmente outros idiomas é tramado, quando voltamos ficamos sempre a perder, contaminamo-nos sempre com os outros linguajares.
Quanto ao Taxista, não sei, nem me lembro se recebi o troco...