Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2004
Quando se constrói algo, destruindo o que antes ocupava esse espaço, estaremos de facto a ocupar esse espaço com algo melhor do que o que lá estava anteriormente?.
Não quero atribuir a isto um cariz eleitoral, pois tal seria demasiado fácil, acreditando por antecipação que o resultado das eleições será o de mudança. Quero sim, referir-me a um instituto pelo qual sinto muita desconfiança, descrédito e antipatia. Refiro-me ao IPPAR.
Este Instituto, responsável entre outras coisas pelo reconhecimento de interesse histórico e utilidade pública dos edifícios portugueses, tem sido completamente criminoso no que respeita à classificação dos mesmos. A burocracia exigida para se classificar um edifício e a arrogância que demonstram como se fossem os únicos detentores do saber histórico-arquitectónico, torna-os um dos meus ódios de eleição.
O mais mediático caso e mais recente relativo a este instituto, o do CONVENTO dos Inglesinhos (Sim, Convento e não colégio como o apelida este instituto) é uma das demonstrações daquilo que referi anteriormente, a Casa onde Moreu Almeida Garret na Rua Saraiva de Carvalho nº68 é outro exemplo, mas muitos mais são os casos em que foram completamente postos de lado quer o interesse público quer a história, quer a vida que esses edifícios tiveram e que poderiam vir a ter de novo. Tenho pena que quem deveria ser o defensor do património nacional, seja quem mais o ataca.
Não concordo com o argumento de que todos os edifícios antigos sejam de interesse nacional, mas basta dar uma volta pelas cidades do país, desde Faro a Guimarães, para se ver o estado a que isto chegou, e continuamos à espera de mais Euros 2004 e de mais Expos98 para justificarmos então uma recuperação que se quer urgente.